Don't hurt me

No more...

Muitas vezes vagueio sem rumo, em busca do ainda impensado por mim. Onde estou, eu vejo o horizonte quase palpável às minhas mãos e uma imensidão de céu alaranjado e azul. Por onde ando, vejo uma multidão a andar descontrolada, no fervor do começo ou o fim do dia. Sempre correndo... De onde vem, para onde vão, eu nunca sei, mas consigo imaginar que cada um tem um coração pulsante em seu peito. O que há de errado com as pessoas de hoje, quando transformam seus sentimentos em pura liquidez?
Olhos latentes, frente a tantos flashes, de luz e de lembranças; eu não sei por onde ir e nem sei quem vou encontrar. Não sei mais o que é certo ou o que é errado. O amor que eu tenho é tão sedento de cuidados e ao mesmo tempo é independente, a ponto de seguir ao meu lado como minha única companhia.
O que é o amor? São tantas as perguntas, eu só queria uma resposta. Peço que não me machuque, pois amor não é feito pra machucar. Amor é cura, é paz, é elo, laço simples e forte que une os mais desatentos seres humanos com os mesmos interesses no mundo.
O que é o amor? Nós nunca vamos saber exatamente o que significa isso se não tentarmos. Há tanto o que descobrir, o que viver, pessoas a ouvir e ajudar. Será que você vai ter tempo pra mim?
O que é o amor, se não a luta diária pela realização dos nossos sonhos? O incansável trajeto que se percorre para a conclusão de nossas atividades, que vem das profundezas da alma. Nossos dons. Cada um tem os seus, adota mais, é presenteado por mais, protege outros mais...
O que é amor, se não a felicidade singela de um sorriso, um suspiro de paz, o cheiro doce das flores, o barulho de pipoca estourando no fogão, o canto dos pássaros, a respiração tranquila da pessoa querida deitada em nosso peito...
O amor é tanto e ao mesmo tempo tão pouco. Por que temos que pensar demasiadamente sobre o amor, quando ele tem de surgir de forma espontânea? Andei me perguntando sobre isso esses dias. É algo que não tem de se insistir, como a antiga história do sapato:
"Se você tem que forçar o sapato pra caber no seu pé, ele não lhe cabe, ele não é seu. Vai machucar."
Liquidez, temporalidade, superficialidade, desalinho, indiferença, orgulho... O que é o amor? Totalmente o contrário de tudo isso. Quantas vezes ainda teremos que doer pra descobrir que no fim, somos encontrados pelo sentimento mais puro, inocente, alegre, simplório, responsável por tantos momentos inesquecíveis e satisfações imensuráveis? Desnecessário pensar tanto. Hoje eu escolho me deixar levar, sem preocupações, sem ansiedade, sem nervosismo, sem tantas exigências ou qualquer julgamento. Hoje enxergo melhor, ando ouvindo minha música, vendo como a sincronia do mundo funciona. Noto a chuva cair aos poucos, o barulho dos motores de carro ligando, o ventilador trazendo alívio para o calor e as portas trancando. As pessoas se vão, rumo aos seus destinos diários e o fluxo da vida se dá. É uma sexta-feira, enfim o final de semana, mais um motivo pra se procurar o amor? Mais um motivo pra agradecer a dádiva de acordar, respirar e pensar:
- Mais um dia para amar absolutamente a quem ainda não encontrei, aos momentos bons que ainda estão por vir, as bênçãos que ainda vão chegar, a saúde de cada familiar querido, os amigos mais chegados, o trabalho que terei, as pesquisas que estão por vir e já são geradas pelo próprio tempo. Mais um dia para amar o tempo, dono de tudo, causador de todo e qualquer aprendizado que nos compõe, nos constrói e nos faz melhor.

O que é o amor? Amar, mesmo sem saber o que vem pela frente.

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