O que ilude nossa cabeça: nós

Já são 64 dias. Hoje acordei com muita dor de cabeça, daquelas que não dá vontade de levantar, que não dá vontade nem de existir. Dormi cedo, acordei cedo; evitei assistir jornais como os últimos dias, tudo correndo como a "rotina" dos últimos dois meses.

Hoje eu tava a toa estudando quando deu vontade de ver algo "diferente" e coloquei no filme do Thor pra assistir. Nada de novo pra quem gosta de assistir filmes de super heróis da Marvel. O fato é que me veio uma coisa muito esquisita na cabeça, que me fez pensar pouco e ao mesmo tempo de uma forma um tanto sensata.

Eu lembro o quão era fácil na minha infância as meninas falarem de barbie, que queriam namorar um cara bonito, quando na pré-adolescência quando um menino novo chegava na escola chamava atenção e as meninas queriam logo mostrar aquela "assistência" de lei, pra chamar atenção do cara, né verdade? Pra ele lembrar da menina. Coisa que nunca aconteceu comigo, porque eu era a anormal, usando óculos, aparelho nos dentes e colete pra coluna, literalmente um robô. Mesmo que eu mudasse de lugar na sala, mesmo que eu quisesse chamar atenção de um cara por causa da minha inteligência ou prestatividade, eu não conseguia. Com o passar dos anos, as coisas não mudaram muito, foi só fracasso seguido do outro. 

No cinema as coisas eram do mesmo jeito, até os super heróis tinham aquele arquétipo que toda mulher gostaria de ter por perto: o nerd, ou o loiro, ou o cara de olhos azuis, ou o bombado, ou o  rico que se diz filantropo, ou o próprio rico filantropo que não tem beleza física alguma, mas acaba sendo herói. A gente acaba se iludindo um pouco com a vida, com o cinema, com as novelas, com os livros, com os dramas, com os doramas (eu só ouvi falar de dorama, nunca assisti), até com os animes a gente se ilude! O que ilude nossa cabeça somos nós mesmos e isso talvez seja a maior prova.

Sempre vai existir alguma pessoa com alguma característica de herói + algum defeito físico, psíquico, transtorno de personalidade, problema ao se expressar publicamente, problema com a fala, alguma deficiência ou especialidade e eu não sei se os homens pensam assim, mas nós mulheres infelizmente ainda pensamos dessa forma, mesmo que grande porcentagem delas já esteja desiludida (como eu, por exemplo). 

Mesmo que desiludidas pela maioria dos nossos fracassos em relacionamentos, a gente ainda tem alguma esperança de ter alguém, e fracassamos com nós mesmas, seja por não sermos suficientes para o cara ou por acharmos que somos suficientes com ele, quando no final das contas nós ficamos bem mesmo é sozinhas. E vemos por bem, que em alguns desses casos eles não tem culpa nenhuma (evidente). Expectativas nós que formamos na nossa cabecinha, algumas pessoas ainda não aprenderam e quando nós vamos aprendendo, parece que o funil vai ficando com o furo cada vez menor, o sentimento de fracasso as vezes aparenta ficar maior. 

Nós acabamos nos iludindo com nós mesmos e não é brincadeira. Isso acaba causando doença física e psicológica, desconforto, decepção, arrependimento, vontade de voltar atrás, saudade, culpa, carência, sentimentos de insuficiência e incapacidade, dentre outros. Quando a gente percebe, até que dá pra dar uma solução, mas e quando não? É uma dor que todos os dias de manhã a cabeça sente, garanto. Entretanto, é uma lição pra vida, mais uma. E nessa quarentena, acho que infelizmente a gente não escapa dessas, mesmo que dentro de casa.

Não adianta pensar que pode aparecer um Thor na sua vida e você esperar que ele seja perfeito, ele não vai ser. Ninguém é, pra começar nem você é perfeit@, por que o outro vai ser? Eu já pensei que pudesse esperar que o outro fosse como eu, mas nós não podemos, infelizmente ou felizmente não podemos e a vida é assim, nós vamos construindo e vivendo um dia após o outro e você tem que escolher se quer aprender com essas diferenças ou não. Se não aprende junto, vai aprender separado, com outras pessoas, individualmente. Não tô pedindo pra você aceitar qualquer pessoa, estou dando um exemplo de como a vida age. Você escolhe a forma que vai acontecer. E quando essa pessoa imperfeita aparecer, você tem que ter consciência de que da mesma forma que você acolher ela, ela também tem que te acolher, porque é foda não ser recíproco. Se não for (conselho), sai fora.

Por hoje é só.