Aos meus professores da UECE.
Hoje é domingo, pé de cachimbo... (?)
Há dias eu não estou me sentindo bem comigo mesma, não sei se é meu espírito ou se minha saúde mental está querendo ceder a mais uma crise. Lembro que há 1 ano eu estava num dos piores momentos da minha vida e eu sei que graças a Deus eu consegui passar, mas ainda fico na dúvida se foi realmente bom ter sobrevivido àquilo tudo. O post de hoje é especialmente pros meus professores da faculdade. Cada um deles. Acho que posso até citar: Gomes, Sílvio, Edilson, Ediane, Dilton, Denise, Juliano, Tarcísio, Sharon, Alexandre, Davis, Camila, Fred, Marcos, Elton, Chehab, Rafael, Abner, Wagner, Cleire, Leonor, Andréa, Maciel, Paulo Pessoa, Meneleu.
Eu sou muito grata a cada um de vocês, até mesmo ao monstro do Alexandre que foi um inferno na minha vida em geoestatística (trauma define). Mas sabe, muitos de vocês já me deixaram mal.
Eu sei que em todos os CDs que vocês rodam nas salas, tem uma faixa repetida, DE TODOS VOCÊS: "A vida acadêmica é isso", "você tem que se acostumar", "isso não é um texto fácil", "você tem que se esforçar", dentre outras frases que massacram o psicológico da pessoa que não é forte suficiente. E cá pra nós, acho que até pra quem é forte isso é doloroso, porque nem sempre nós temos esse pique todo que vocês acham que a gente tem.
Mas eu vim falar de mim, então posso voltar ao meu singular. Nem todos vocês sabem, mas eu sou uma pessoa doente. Eu gostaria que Deus tivesse me dado o dom de não ter isso em mim, porque eu sei que eu seria bem maior do que eu almejo hoje em dia se não fosse doente, se não tivesse um diagnóstico dominante e outros secundários (Maciel, eu tô repassando sua caderneta de campo agora e é praticamente impossível não associar isso à minha realidade). Alguns de vocês me cativaram bem fácil, outros eu não gostei no começo, mas isso faz parte da vida acadêmica não é mesmo? Afinal, se a gente quer realizar um sonho que se sonha a muito tempo, não é a antipatia de alguém que vai nos impedir de seguir em frente.
Entretanto, dói. Dói por eu não poder ser como meus colegas; dói por eu não poder me esforçar como os meus planos se passam na minha cabeça; dói eu não ter tido disponibilidade desde o começo do curso pra me jogar de cabeça dentro da universidade, ter participado de várias seleções de bolsa nos programas do PET, ou do PET CCT, ou de bolsa de IC, porque eu trabalhava, porque eu tinha que me sustentar pra continuar morando aqui e continuar na faculdade. Gente, eu sei que vocês não tem culpa de nada, mas eu perdi muito e eu já quis desistir. Vocês nunca souberam disso e mesmo que soubessem, acho que isso não ia mexer na vida de vocês. Eu quis morrer. Talvez isso também não influenciasse muito na vida de vocês, seria só um aluno a menos na minha turma de 15 alunos. Com o tempo todo mundo ia mesmo me esquecer. Só que eu tô viva ainda. Eu tô no 6º semestre e ainda sinto dificuldades, talvez muitas pra alguém que tá tão a frente dentro de um curso de graduação.
Talvez minha carta fique só aqui no meu blog e nunca chegue até vocês, mas eu gostaria de agradecer ao PP e a Camila por terem me dado os melhores campos até hoje, pedir desculpas pro Gomes por não ter ido pra Chapada do Araripe com a turma na aula de campo dele, eu tava passando por um momento financeiro ruim. Agradecer ao Edilson, que foi um dos poucos professores que percebeu minhas dificuldades na aula dele e eu pude dizer que sou depressiva, que tô tomando remédio. Pedir pra Denise, esposa do Edilson, poder ser mais receptiva com os problemas dos alunos dela; nem todos tem a disponibilidade que ela teve de estudar, eu cheguei a dizer a ela que meus colegas não queriam fazer trabalho comigo porque eu trabalhava e ela disse que eu possivelmente tava tentando me excluir. Cara, só quem trabalha sabe o quanto é complicado lidar com o equilíbrio das demais atividades (ou o desequilíbrio né?) da faculdade.
Eu confesso que não sou e nem fui a melhor aluna de nenhum desses professores que citei aqui, mas eu gostaria. Gostaria de ser reconhecida pelo meu esforço, gostaria de ter feito trabalhos melhores, de ter tido notas mais altas no meu histórico, de não ter uma reprovação e muito menos de sentir medo no fim do semestre, por ter ido mal nas provas.
Não desejo de forma alguma que meus professores tenham alguém depressivo na família, nem que eles cheguem na situação que cheguei, mas gostaria que eles tivessem mais empatia. Gostaria que a UECE pudesse capacitar os professores para lidar com problemas psicológicos dentro da universidade. Gostaria que fosse diferente, tanto pra mim como pra várias pessoas lá dentro que também são depressivas.
Queridos professores, eu espero que vocês não precisem saber que um aluno de vocês se matou por sentir pressão demais dentro da universidade, pra vocês serem mais empáticos. Seja dentro ou fora da universidade, eu desejo do fundo do coração que vocês enxerguem que existem VIDAS que precisam de um olhar além do da construção de um lattes. Um lattes não vai fazer uma vida que se perdeu voltar, por tanta pressão, por tanta tristeza, por tanto desgosto e desaprovação que a universidade vem a causar em tantos acadêmicos.
No mais, eu estou em casa, com vontade de morrer. Amanhã tem uma apresentação de Geografia do Brasil sobre economia, "A crise dependente no Brasil". Eu não consegui decorar nada, Rafael, nem sei o que eu vou falar amanhã e nem sei quanto eu tirei na sua prova, mas desde já, eu gostaria que Deus me desse a graça de não acordar amanhã pra ter que dar de cara com você nesse seminário, nem pra fazer meus colegas do grupo passarem vergonha porque eu não consegui absorver o conteúdo direito.
Há dias eu não estou me sentindo bem comigo mesma, não sei se é meu espírito ou se minha saúde mental está querendo ceder a mais uma crise. Lembro que há 1 ano eu estava num dos piores momentos da minha vida e eu sei que graças a Deus eu consegui passar, mas ainda fico na dúvida se foi realmente bom ter sobrevivido àquilo tudo. O post de hoje é especialmente pros meus professores da faculdade. Cada um deles. Acho que posso até citar: Gomes, Sílvio, Edilson, Ediane, Dilton, Denise, Juliano, Tarcísio, Sharon, Alexandre, Davis, Camila, Fred, Marcos, Elton, Chehab, Rafael, Abner, Wagner, Cleire, Leonor, Andréa, Maciel, Paulo Pessoa, Meneleu.
Eu sou muito grata a cada um de vocês, até mesmo ao monstro do Alexandre que foi um inferno na minha vida em geoestatística (trauma define). Mas sabe, muitos de vocês já me deixaram mal.
Eu sei que em todos os CDs que vocês rodam nas salas, tem uma faixa repetida, DE TODOS VOCÊS: "A vida acadêmica é isso", "você tem que se acostumar", "isso não é um texto fácil", "você tem que se esforçar", dentre outras frases que massacram o psicológico da pessoa que não é forte suficiente. E cá pra nós, acho que até pra quem é forte isso é doloroso, porque nem sempre nós temos esse pique todo que vocês acham que a gente tem.
Mas eu vim falar de mim, então posso voltar ao meu singular. Nem todos vocês sabem, mas eu sou uma pessoa doente. Eu gostaria que Deus tivesse me dado o dom de não ter isso em mim, porque eu sei que eu seria bem maior do que eu almejo hoje em dia se não fosse doente, se não tivesse um diagnóstico dominante e outros secundários (Maciel, eu tô repassando sua caderneta de campo agora e é praticamente impossível não associar isso à minha realidade). Alguns de vocês me cativaram bem fácil, outros eu não gostei no começo, mas isso faz parte da vida acadêmica não é mesmo? Afinal, se a gente quer realizar um sonho que se sonha a muito tempo, não é a antipatia de alguém que vai nos impedir de seguir em frente.
Entretanto, dói. Dói por eu não poder ser como meus colegas; dói por eu não poder me esforçar como os meus planos se passam na minha cabeça; dói eu não ter tido disponibilidade desde o começo do curso pra me jogar de cabeça dentro da universidade, ter participado de várias seleções de bolsa nos programas do PET, ou do PET CCT, ou de bolsa de IC, porque eu trabalhava, porque eu tinha que me sustentar pra continuar morando aqui e continuar na faculdade. Gente, eu sei que vocês não tem culpa de nada, mas eu perdi muito e eu já quis desistir. Vocês nunca souberam disso e mesmo que soubessem, acho que isso não ia mexer na vida de vocês. Eu quis morrer. Talvez isso também não influenciasse muito na vida de vocês, seria só um aluno a menos na minha turma de 15 alunos. Com o tempo todo mundo ia mesmo me esquecer. Só que eu tô viva ainda. Eu tô no 6º semestre e ainda sinto dificuldades, talvez muitas pra alguém que tá tão a frente dentro de um curso de graduação.
Talvez minha carta fique só aqui no meu blog e nunca chegue até vocês, mas eu gostaria de agradecer ao PP e a Camila por terem me dado os melhores campos até hoje, pedir desculpas pro Gomes por não ter ido pra Chapada do Araripe com a turma na aula de campo dele, eu tava passando por um momento financeiro ruim. Agradecer ao Edilson, que foi um dos poucos professores que percebeu minhas dificuldades na aula dele e eu pude dizer que sou depressiva, que tô tomando remédio. Pedir pra Denise, esposa do Edilson, poder ser mais receptiva com os problemas dos alunos dela; nem todos tem a disponibilidade que ela teve de estudar, eu cheguei a dizer a ela que meus colegas não queriam fazer trabalho comigo porque eu trabalhava e ela disse que eu possivelmente tava tentando me excluir. Cara, só quem trabalha sabe o quanto é complicado lidar com o equilíbrio das demais atividades (ou o desequilíbrio né?) da faculdade.
Eu confesso que não sou e nem fui a melhor aluna de nenhum desses professores que citei aqui, mas eu gostaria. Gostaria de ser reconhecida pelo meu esforço, gostaria de ter feito trabalhos melhores, de ter tido notas mais altas no meu histórico, de não ter uma reprovação e muito menos de sentir medo no fim do semestre, por ter ido mal nas provas.
Não desejo de forma alguma que meus professores tenham alguém depressivo na família, nem que eles cheguem na situação que cheguei, mas gostaria que eles tivessem mais empatia. Gostaria que a UECE pudesse capacitar os professores para lidar com problemas psicológicos dentro da universidade. Gostaria que fosse diferente, tanto pra mim como pra várias pessoas lá dentro que também são depressivas.
Queridos professores, eu espero que vocês não precisem saber que um aluno de vocês se matou por sentir pressão demais dentro da universidade, pra vocês serem mais empáticos. Seja dentro ou fora da universidade, eu desejo do fundo do coração que vocês enxerguem que existem VIDAS que precisam de um olhar além do da construção de um lattes. Um lattes não vai fazer uma vida que se perdeu voltar, por tanta pressão, por tanta tristeza, por tanto desgosto e desaprovação que a universidade vem a causar em tantos acadêmicos.
No mais, eu estou em casa, com vontade de morrer. Amanhã tem uma apresentação de Geografia do Brasil sobre economia, "A crise dependente no Brasil". Eu não consegui decorar nada, Rafael, nem sei o que eu vou falar amanhã e nem sei quanto eu tirei na sua prova, mas desde já, eu gostaria que Deus me desse a graça de não acordar amanhã pra ter que dar de cara com você nesse seminário, nem pra fazer meus colegas do grupo passarem vergonha porque eu não consegui absorver o conteúdo direito.
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